sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

MANIFESTO

Quando não se tem uma sociedade preparada à altura de fazer face aos desafios que o processo de globalização do capital traz, jamais haverá paz e estabilidade que tanto se prega nos discursos cínicos dos defensores deste ideal.
O que se evidencia na realidade dos países africanos é uma promiscuidade desenfreado por parte das organizações internacionais, dentre quais, destaca-se a ONU como prostituta dos valores que nortearam a sua criação. É gritante a inconveniência deste órgão na resolução dos problemas existentes na grande maioria dos países do mundo pobre. Perguntam-me quais os valores ela defende? Não sei! Respondo positivamente os interesses que ela defende.
O peso dos embaixadores (Estados mais ricos) de grandes magazines do capital dentro da ONU, não poderia contribuir para nada que esteja desvinculada dos interesses capitalista, cuja lógica é implantar terror e uma cultura esquizofrénica ao resto do mundo para manter padrão de vida dos países ricos. Assim, assiste-se a prostituição de todos os valores que outrora nortearam  a fundação duma instituição como a ONU.
Por outro lado, dizer ONU, não deixo de considerar a comunidade internacional em geral, todos que vêem  os países pobres,  com pessoas de baixa instrução, como campo adequado para estratégia do jogo. A primeira regra é aculturar um número reduzido de cidadãos nestes países constituindo assim a elite, um grupo de pessoas urbana relativamente instruída, com formação universitária ou não, que assumem posições políticas típicas da classe instruída, porém alienadas por ideais ilusórias dos países desenvolvidos. Estas pessoas aparecem sempre a defender democracia, paz, ordem constitucional e são adeptas da comunidade internacional. Ao mesmo tempo, apoiam agressões das grandes potências e sempre contra qualquer alternativa politica vinda dos pobres.
Estou a referir-me pessoas que todos nós estamos acostumados de ver nos nossos países, geralmente, armam-se de intelectuais quando não passam de verdadeiras marionetes sob orientação da grande média ocidental, não teem opinião própria, são meros repetidores daquilo que aparece como opinião padrão, não teem criatividade nenhum. São copiadores e repetidores do que lêem, ouvem e vêem na grande imprensa escrita, falada e televisiva. Manifestam a intelectualidade com frases dadas e emblemáticas. Nunca se quer sabem interpretar uma realidade. São pessoas que estão sempre se negando, têm a necessidade de demonstrar em todas as oportunidades que não pertencem ao lugar onde estão.
Tudo isto configura-se num ambiente adequado para jogo da comunidade internacional e contribui para empobrecimento, cada vez mais, das nossas sociedades pois, padrão de vida que estas pessoas querem manter é aquele que se tem nos países ricos com realidade diferente. Copiam hábitos egoístas de consumo e defendem pontos de vista conservadores, muitas vezes até com mais radicalismo. São pessoas que vivem tentando provar que não são pobres mesmo não sendo ricos. Isto é realmente o que a dita comunidade internacional quer que haja dentro dos países pobres. Significa dizer que as portas para instabilidade está aberta, as pessoas estão cada vez mais compulsórias a adquirir bens de consumo que não condiz com a realidade do seu país.
O resultado é muita corrupção, tráfico de droga, prostituição, violência civil e agravamento da pobreza.
O facto é que, enquanto as pessoas continuam a pensar em função daquilo que o mundo quer pensemos, defender os interesses e valores cínicos que nos são imposta, estaremos, cada vez mais, afastando a possibilidade de encontrar soluções reais para problemas que dizem respeito a nossa realidade. Enquanto estamos defendendo as grandes mentiras (ordem constitucional, democracia, paz, estabilidade  e esquecendo que por traz de tudo  isso há uma grande mentira cujo interesse é nos manter  no Inferno. Nós temos que nos reinventar em função da nossa realidade, nós temos que criar a nossa paz, a nossa democracia, a nossa ordem constitucional diferente daquilo que nos vendem. Basta colonialismo! Abaixo neocolonialismo disfarçado de globalização! Chega de mentiras que não poupem vida dos pobres! Chega de emblemas assassinas! Poupem Costa de Marfim! Chega de parcialidade nos problemas da Guiné-Bissau!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Reflexão sobre coisas nossas! Que África queremos construir!?


Eu estava navegando por este mundo virtual quando deparei-me com uma noticia que fez-me refletir sobre certas questões que marcam o quotidiano das sociedades modernas. É interessante observar que quanto mais modernos nos proclamamos ser, quanto mais evoluídos e globalizados julgamos ser, ainda continuamos atrasados com relação a certas questões do nosso dia a dia.

A intolerância com as minorias que gera exclusão automática de uma parcela da população mundial constituiu um dos maiores problemas da historia humana na antiguidade e, continua sendo maior mal da sociedade moderna.

Vivemos numa época em que, proclama-se maior avanço em todos os aspectos da vida social, sob sombras de uma explosão de invenções cientificas e tecnológicas, o ser humano se julga mais livre e emancipado como jamais foi em qualquer outra época. À luz desta percepção, os mais fanáticos do progresso da sociedade moderna diriam que nunca o animal “HOMEM“ foi tão consciente de si mesmo e de tudo que encontra-se ao seu redor como agora o é.

Ao analisarmos as sociedades em que vivemos como “faca de dois gumes“ (refutando análise do sociólogo inglês Antony Giddens na sua discussão sobre as conseqüência da modernidade), podemos chegar a conclusão de que realmente, há muitas coisas a serem consideradas para que possamos estar em condições de nos considerar, realmente, cidadãos de uma sociedade que julgamos ser moderna. Ou seja, ao mesmo tempo em que podemos enaltecer os progressos desta época pelo avanço cientifico e tecnológico e pelos benefícios trazidos por este avanço, tanto na mobilidade do ser humano (considerando comunicação, transporte, maior conforto em diversos aspectos da vida humana), quanto na libertação do ser humano das amarras da sociedade tradicional (homem emancipado do moralismo de antiguidade, arbitrariedade das instituições conservadoras). Contudo, torna-se imprescindível considerar a outra face daquilo que hoje consideramos o “progresso“ emancipador da espécie humana, principalmente, ao voltar o nosso olhar a um mundo balizado por uma cultura que julga as pessoas não pelo que elas são, mas, como são pela cor da pele, pela opção sexual ou pela linha da ideologia que seguem. As chamadas minorias sociais, em todas as sociedades humanas, são consideradas marginais, como se nunca tivessem contribuído para reconstrução da história cultural, social e política da suas sociedades.

A discriminação e preconceito rodearam nossas sociedades o tempo todo na antiguidade e continuam configurando a ordem social da época moderna. O sistema que caracteriza a sociedade moderna é altamente ambígua e excludente, não acompanha a heterogeneidade da sociedade humana, conseqüentemente, ela produz um tipo especifico de homem moldado de acordo com os valores que condizem a essa lógica ambivalente.

A intenção aqui não é afirmar, de forma alguma, que não vivemos em sociedades diferentes daquelas que viviam os povos que hoje consideramos atrasados, mas sim, questionamos, até onde o “progresso“ de que tanto nos orgulhamos ajudou diferenciar a nossa forma de pensar da forma de pensar daqueles que julgamos ser atrasados? Dita de outra forma, em que medida o avanço cientifico e tecnológico que proclamamos, ajudou a diminuir fome, exclusão, discriminação, preconceitos dentro das nossas sociedades? Problemas que pela lógica, não condizem com as expectativas que o próprio sistema alimenta.

Até onde nós somos diferentes dos povos que usavam métodos de suplicio para punir os delinqüentes se nós ainda, na sociedade moderna, somos extremamente intolerantes com as diferenças, apedrejamos as mulheres, enforcamos os políticos que acusamos serem ditadores, não aceitando aqueles que se afirmam ser não-convencionais?

O sec. XX trouxe esperanças para aqueles que lutam pela afirmação dos direitos humanos, foi o sec. que fez surgir vozes da luta, fragmentou as ideologias, fez ouvir, pela primeira vez, na historia da humanidade, vozes que sempre foram reprimidas e marginalizadas.

Depositava-se esperança na possibilidade da união de todos aqueles que têm uma historia de exclusão sob a mesma bandeira para diferentes lutas, pois, por mais que as lutas fossem descentralizadas, os interesses fragmentados, no fundo, havia algo em comum que unia todas as lutas. Afinal, o que está em causa é a questão do direito, direito ao reconhecimento, direito a ser incluído, direito a participar, direito de sermos incondicionalmente aceites, independentemente das nossas opções.

Ao meu entender, confrontado com a realidade das sociedades em que vivemos, voltamos às épocas das utopias ao confundirmos o “progresso“ cientifico e tecnológico com a emancipação da mente humana das amarras do mundo conservador. Isso torna-se evidente quando somos surpreendidos, constantemente, com historias do tipo “pena de morte para um grupo social por serem diferentes do que é considerado “convensional” ou muito mais evidente ainda, quando se trata da iniciativa das pessoas que foram vitimas desta lógica de intolerância e exclusão, caso especifico do povo africano.

Este é o caso das manifestações para limitar direitos das minorias nos países do terceiro mundo. Um exemplo concreto são as reivindicações para institucionalização de leis opressoras contra certos grupos dentro dessas sociedades.

A noticia das manifestações a favor de pena de morte para os homossexuais na Uganda, surpreendeu-me, isso porque sempre fui uma pessoa que acreditava que as lutas dos povos de terceiro mundo deveriam ser focadas na defesa dos direitos humanos porque sob o seu amparo todos estariam sendo beneficiados. Deveríamos ser exemplos da tolerância por sermos povos que sentem na pele o sofrimento da exclusão, por sermos aqueles que sabem o quanto é doloroso ser marginalizado.

Absurdo é ver os povos excluídos a reproduzirem a ideologia da exclusão, da discriminação, da intolerância para com as minorias ou qualquer que seja grupo social. Onde está o direito humano que tanto exigimos?

Por que achamos que à uma pessoa tem que ser tirado o direito de fazer parte de uma sociedade por ter uma opção sexual diferente da nossa ? Por que não cobramos os nossos governos mais políticas publicas capazes de reduzir pobreza, fome, corrupção nas nossas sociedades, ao invés de leis que oprimem e hostilizam as minorias ?

Classificar isso de vergonhoso é muito modesto perante a monstruosidade do ato. É simplesmente antiquado, trata-se de pensamento de pessoas que não se enquadram no perfil das pessoas que se consideram parte de um mundo moderno e globalizado.

Continuaremos justificando as nossas atitudes antiquadas e conservadoras por questões do tipo “nunca foi assim” “na nossa cultura não existe isso” “não deve haver porque é estranho”?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Protesto a favor de pena de morte para gays!!!

Alguns diriam que é a vergonha da civilização humana que vem átona. Outros menos pessimistas, acreditarão que é mais uma piada que o povo africano faz de si mesmo.
Em breve sairá um artigo sobre este assunto.
Abraços
A VOZ

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A volta


Estive acompanhando o evoluir da situação política na Guiné durante o tempo que ausentei-me do blog. Às vezes, realmente pode parecer que fico sem conteúdo por isso que não tenho postado há alguns dias. Em partes, isso pode ser verdade, pois, mais vale não escrever  que repetir o que os outros escrevem. Porém não se pode parar de trabalhar! Os tempos que eu fico sem escrever, dedico-me a fazer pesquisas, procuro estar a par das discussões em outros sítios.
Em todos os lugares que eu passo prece que a discussão desenrola-se em torno de alguns assuntos que as pessoas julgam ser preocupantes para  atual situação política da Guiné-Bissau. É naturalmente compreensível quando, quase todo mundo, concentra reflexões num determinado assunto. Ainda mais,  quando trata-se da Guiné-Bissau, o ponto das atenções é sempre a tradicional dicotomia estabilidade/instabilidade.
Há quem julga ter estabilidade no país e que, vive-se os “bons momentos” no país (a coisa que todos nós esperávamos que haja e que seja duradoura), mas uma imensa maioria (sobretudo os diasporaguineenses) põem pouca fe numa estabilidade imediata proclamada no país.
Enfim, a nossa posição sempre foi clara com relação a isso, ou seja, poderemos ter a estabilidade no nosso país, mas para isso, nós temos que nos dedicar ao trabalho sério para reestruturar a nossa sociedade com base nos ideais de justiça e da garantia dos direitos humanos e humanitários. Só assim estaremos realmente dispostos a ter tão sonhada estabilidade.
A VOZ

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Desistência!

"Mesmo desacreditado e ignorado por todos, não posso desistir, pois para mim, vencer é nunca desistir"

Albert Einstein

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Por que falar do etnicismo na Guiné-Bissau é sempre polêmico?

É mito de balantização ou é simplesmente, uma realidade constatada?


Virou-se tabu falar em tribalismo/etnicismo frente ao discurso enganoso e demagogo do Estado guineense e de alguns membros da sociedade civil. Há muito tempo atrás - refiro-me desde a luta de libertação nacional – o slogan “unidade Nacional” foi usado para mascarar uma realidade, contrária àquela que aparece nos discursos oficiais meramente tendenciosos.

Não há dúvidas de que sempre existiu sentimento étnico/tribalista, na sua forma negativa, no seio da sociedade guineense. Não se trata de uma constatação recente, mas sim que a muito tempo esteve ancorada na mente de todos os que compartilham esta realidade.

Estou a referir-me a um problema que fez parte da consciência dos protagonistas da luta de libertação nacional, mas que foi suprimido em prol de interesse comum ao todos guineenses a independência da nossa querida pátria. Preferiu-se usar a bandeira da unidade nacional “anos tudo i um son” porque era isso que interessava a todos. Porem, de forma alguma, isso significou que na vida real havia esta unidade nacional, sentimento de “anos tudu i um son”.

As divergências dentro do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), desavenças entre os seus membros e dirigentes, muitas vezes, foram da base étnica/tribal. O sentimento de alegado “favoritismo de Djintis burmedju”, “balentia di fidjus di tchon” (Balantas), “ djanfa di mandjuas di tugas” (os Fulas) etc... fizeram parte da realidade da luta de libertação nacional. Amilcar Cabral manifestava a sua preocupação com relação a isso em diferentes circunstâncias das suas intervenções publicas e sensibilizadora do nosso povo na época. O que ele não conseguiu evitar é a sua própria morte por esse mal que sempre afetou a nossa sociedade.

A perda do saudoso líder da historia da resistência do nosso povo e da África nos fez pagar a culpa que cometemos com o fato de os nosso combatentes terem sido mudos com a questão étnica, tendo ignorá-lo como um problema do partido e que viria a se constituir como o mal maior da nação.

Amilcar Cabral, empenhado em unificar uma sociedade diversificada em termos étnicos foi uma das vítimas daquilo que ele mesmo estava tentando combater.

O sentimento de “djintis burmedju, fidjus di tchon” ceifaram vida de Amilcar e muitos outros; Sentimentos de “mandjuas di tugas” caçaram vida de muitas pessoas da etnia Fula; sentimentos de “balentia di fidjus di tchon” levaram vida de Osvaldo Vieira, Titina Silla e muitos outros que foram almejados pela sabotagem “di nô djintis”.

Contudo parece que não aprendemos com o passado, continuamos a ignorar aquilo que constituiu sentimento de ódio e alimenta vontade de vingança na nossa sociedade. Por que não nos empenhamos para curar a maldição da nossa sociedade? Não seria a vida dos bons filhos deste país que foram tiradas da forma traiçoeira que estaria nos cobrando agora? Por que não procuremos respostas nas nossas tradições e deixemos da ganância do modernismo?

Parece que o demônio havia se suprimido/omitido, em sua atual forma, relativamente de alguns anos pra cá o assunto continuou a ser tratado como tabu mesmo agora que foram dadas todas as condições para levar essa discussão a pauta dos debates, o Estado e a sociedade guineense continuaram a ser demagogos, usando a mesma slogan de sempre “somos um povo unido”. Como resultado, deu-se a oportunidade para emergir etnicismo/tribalismo na sua forma mais crua e, a cima de tudo, institucionalizada.

Quando voltamos nossos olhares sobre os acontecimentos na Guiné-Bissau, não restam dúvidas de que aquilo que estamos aqui relatando é uma realidade crua da nossa sociedade e do nosso povo. A realidade da qual se tem a consciência, mas poucos falam porque “todos nós somos guineenses”. Até quando continuaremos sendo guineenses se alguns não têm direito a serem tratados como tal?

Os acontecimentos desde a independência nacional têm nos chamado atenção cada vez mais sobre a necessidade de fazer um debate amplo, de uma forma clara sem tabus em todos os níveis da vida social no nosso país sobre a questão do tribalismo. Mas o que me parece é que continuamos mudos perante esta questão, mesmo quando pagamos com as nossas vidas os males deste fenômeno. Do que temos medo?

A história da constituição da nossa nação começou com traições de da ordem étnica/tribal. Tomamos a independência caçamos os Fulas alegando que eles eram aliados da força colonial, o golpe “14 de novembro” foi fundamentado no sentimento de “djintis burmedju, fidjus di tchon”, rompemos com Cabo verde e muitos dos nosso irmãos tiveram que deixar o nosso país para Cabo Verde porque eram “Djintis burmedju” não podiam governar na Guiné.

O sentimento de etnicismo/tribalismo não parou por aí; Caso “17 de outubro” grande parte dos oficiais militares e civís Balantas foram presos e condenados à morte sob alegação do golpe de Estado, havia sentimentos de que os Balantas constituíam ameaça ao poder naquele momento. Nino Vieira durante um longo tempo do seu mandato, o seu regime perseguiu as figuras Balantas com poucas exceções.

O ano das primeiras eleições multipartidárias na Guiné-Bissau em 1994 assistiu-se a institucionalização do tribalismo pelo Estado da Guiné-Bissau ao permitir o uso do símbolo étnico como emblema do candidato à presidência do país (Barriti Burmedju di kumba yala).


Estávamos perante um novo episódio da democratização do país e institucionalização oficial do simbolismo étnicista/tribalista. O eclodir da guerra “7 de junho” veio simplesmente radicalizar aquilo que o próprio Estado já estava a fomentar a muito tempo, presenciamos isso depois da guerra. O então Comando Supremo da Junta Militar (CSJM) estava aparentemente constituído por oficiais militares da origem étnica diferente que proclamavam “J MAIOR”, não tardou para surgir acusações contra Ansumane Mané então General de CSJM, ele estaria favorecendo os oficiais militares muçulmanos da origem étnica Mandinga. O fato que viria culminar com a morte de General Mané e na seqüência, perseguição de maioria dos oficiais muçulmanos da origem Mandinga por parte do comando de Estado Maior General de Forças Armadas (EMGFA) na época ( lembra-se, dos mais conhecidos, Baba Djassi, Almame Alam Camara, Malam Camara, Lamine Sanha etc... entre vários outros.

Ao nível do governo o PRS como vencedor das eleições, formava um governo fortemente criticado por ser composto por membros da origem Balanta. Nas forças armadas, com a morte do Ansumene Mané, o General Viríssimo Seabra Correia (de origem Papel) foi nomeado como Chefe de EMGFA e na chefia dos ramos militares não havia ninguém da origem muçulmana (estes eram considerados ala do falecido Ansumane Mané).

O Então presidente da república foi alvo de críticas, muitas vezes, por tribalismo até que foi deposto do cargo por um golpe de Estado levado a cabo por militares sob alegação de estar dirigindo o país de uma forma irresponsável. A decisão que parecia relativamente consensual no seio das chefias militares e sustentada com a justificativa da “estabilidade, reposição da ordem constitucional no país e segurança da sociedade”, não parecia, na realidade, consenso de todos os militares. Ou seja, os oficiais Balantas e soldados Balantas não se contentaram muito com Golpe de estado contra Kumba Yala, Balanta também. Meses depois, foi desencadeado um golpe militar que culminou com a morte de três altos oficiais militares, nenhum deles era Balanta.

Novidade? É a condução automática do General Tagmé na Waie (Balanta) para o cargo do chefe de Estado Maior General das Forças Armadas.

A partir deste momento, passamos a ter uma forças armadas etnicamente estruturada com fortes indícios de segregação étnica dentro dos quartéis. Os dias de hoje não nos deixam dúvidas de que estamos perante um sistema balantizado dentro de forças armadas que controla Estado e toda estrutura social no nosso país.

O que eu quero com essa reflexão com essa reflexão é mostrar a evolução de uma situação que tem sido o principal problema da Guiné-Bissau desde a luta de libertação nacional até os dias de hoje e que como tal nunca foi discutido abertamente. Limita-se a fofocar o assunto só no senso comum e ignorado como um dos principais problemas do nosso país.

Os acontecimentos recentes mostram muito clara a estrutura tribalista das forças armadas. Os assassinatos que foram levados ao cabo esses últimos tempos não deixam dúvidas de que têm viés étnicos. Dito de outra forma, Nino Vieira, Baciro Dabó, Helder Proença não estariam mortos se fossem Balantas, ou seja, seriam poupadas as suas vidas assim como as vidas de Faustino Imbali e Pedro Infanda (ambos Balanta). Até mesmo Bubo não teria sido mandado para exílio por Tagmé se não fosse Balanta.

O que se percebe atualmente na Guiné é que, quando se trata de Balanta o sujeito tem direito a ser mandado no exílio ou preso, quando se trata de um cidadão não Balanta, este não tem direito a vida. Quem vive a realidade que eu vivo e da qual tenho a consciência não me deixa mentir.

Talvez poucas pessoas falam o que eu falo, mas muitas têm a mesma consciência que eu tenho da realidade do meu país.

No meu entender fazer parte de uma tribo ou etnia não é satisfazer suas necessidades de ter alguém para hostilizar, mas garantia de que sua cultura e suas tradições serão motivo de orgulho e serão passadas para a próxima geração.

Ter orgulho da sua tribo é perfeitamente aceitável. Desejar sucesso para a sua tribo é igualmente. Mas, este termo aceitável é apenas relativo para os meios usados para concluir isso num contexto social multitribal/multietnico.

Obs: falei o que eu penso, não importa de que forma, o meu interesse é expressar o que eu sinto. Tenho a consciência de quão polêmico é este assunto, mas enfim... sinto-me feliz por ter a oportunidade de falar sobre isso graças ao sistema de comunicação em rede. Devo ressalvar de que a internet é o que existe de mais democrático hoje nesta sociedade moderna.

Os termos tribalismo/etnicismo da forma como foram usados aqui não têm nenhum peso cientifico tão pouco estão sendo usados aqui no contexto que um especialista nesta área usaria.

sábado, 9 de janeiro de 2010

ONU decide entregar Bubo ao governo depois de várias tentativas de negociações.

http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=9380476&canal=401    

     Esta decisão pode ser enquadrada em diferentes quadros de analises. ONU pode se valer da justificativa de que, ela como uma organização “defensora da legalidade”, não pode em circunstâncias nenhuma, amparar a ilegalidade. Ou seja, sendo uma organização “zeladora da manutenção da paz internacional”, ela pode tomar qualquer decisão que se justifica em prol da “manutenção da estabilidade e segurança social”, independentemente da complexidade que esta decisão envolve.

    Tradicionalmente estamos acostumados com situações em que a ONU, em alguns momentos, se abdicou de amparar pessoas, legitimou a violência contra pessoas que supostamente são “consensualmente” consideradas delinqüentes. Exemplo concreto de repressão legitimada contra movimentos sociais de luta pela liberdade dos povos, de territórios e sobrevivência em diferentes partes do mundo. Estes movimentos não são reconhecidos, muitas vezes, são taxados de “rebeldes, de terroristas, de fundamentalista” etc... E conseqüentemente é legitimado todo tipo de violência contra eles e lhes são limitados os seus direitos de autodefesa.

    ONU tem se mantido indiferente perante as guerras brutais contra povos inocentes e prisões arbitrarias das pessoas acusadas de terrorismo internacional sem provas nenhumas. Prisões estas baseadas nos fundamentos racistas e xenófobos por parte dos Estados ocidentais.
É a mesma ONU que tem se mostrado impotente perante os atos dos governos ditatoriais na África e na Ásia. E perante regimes terroristas aos quais são legitimados todos os direito do uso da violência brutal contra aqueles que lutam pela liberdade e independência do seu povo.
Massacrados são as populações indefesas em toda parte da África, Ásia e America-Latina que vêm seus direitos ignorados e vandalizados por órgãos ditos legítimos e reconhecidos como tal pela dita ONU.
    Esta postura caracterizou a ONU por um longo tempo da sua existência, ao mesmo tempo em que ela se auto-legitima como órgão supremo e supranacional para garantia da paz, liberdade, segurança e bem-estar dos povos, por outro lado questiona-se a sua postura com relação à política internacional. Assim como questiona-se também a sua autoridade nas fronteiras que balizam os Estados nacionais . Ou dita de outra forma, até onde vai a sua autoridade perante as potências mundiais? Visto que ela não consegue se impor a esses últimos que acabam definindo os que têm direito a paz, segurança, liberdade e, o mais importante, os que são “legítimos” a viver nessas condições e os que não são. Estes últimos, certamente são condenados a sobreviverem violentados pela fome, miséria ou sob brutalidade das forças bélicas dos Estados vândalos e criminosos que constituem grandes potências mundiais.

    Ao lado da injustiça e intolerância, a ONU sempre ergueu sua bandeira da neutralidade e indiferença, quando contrário, ela desempenha o papel de um aparelho propício para legitimar a violência.
Posto isto, não se pode estranhar a decisão da ONU ao entregar Bubo às autoridades da Guiné sem uma acusação formal em termos legais. Esta foi e sempre será a postura da ONU, ela sempre foi uma organização indiferente, manteve-se somente do lado de alguns poucos que se beneficiam do seu amparo, enquanto que uma imensa maioria é desprotegida. A sua sede serve a alguns e os outros não têm direito a serem protegidos por ela. Se não, fica a questão, por que a ONU não entregou Carlos Gomes Junior ao então presidente da Guiné que o acusava formalmente no tribunal? Por que a ONU não entregou tantas outras pessoas que se refugiaram na sua sede em Bissau, mesmo quando o governo e a procuradoria geral da república faziam pressões neste sentido?

    Qual a diferença entre Bubo e o Carlos Gomes naquele momento? Qual será o destino do Bubo? A ONU vai zelar pela segurança e a sua integridade física? A ONU em algum momento condicionou a sua punição a um processo legal e transparente com direito à defesa?
   O que se pode concluir de tudo isso é que, mais uma vez, a ONU tomou uma decisão para adiar a estabilidade na Guiné ao mesmo tempo em que ela a proclama. Estamos perante uma situação que passa a desacreditar ONU como órgão defensor dos direitos humanos em Bissau e a sua sede passa de uma instalação inviolável para um bureau qualquer. Pode-se esperar que a qualquer momento, em qualquer circunstância, a sede da ONU pode ser violada por qualquer um para fazer valer a lei da força.

domingo, 3 de janeiro de 2010

TRAGÉDIA!

Brasil vive os dias difíceis de grande dor, as chuvas causaram estragos e ceifou vidas humanas no estado do Rio de Janeiro. http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/tragediaemangra/noticias/0,,OI4184508-EI14639,00-Numero+de+mortos+pela+chuva+no+Estado+do+Rio+chega+a.html

sábado, 2 de janeiro de 2010

O VERDADEIRO HOLOCAUSTO

O TEMPO É AGORA LEVANTE-SE E FAÇA ACONTECER NAO SEIJAMOS ESTÚPIDOS DEIXANDO ISSO OCORRER, SABE ESSAS PESSOAS NAO SÃO PARENTES MEUS E NEM DE QUEM ESTA LENDO POR ISSO VC NAO SE SENTE MUITO INCOMODADO COM QUE ESTA ACONTECENDO MAS AI E SE FOSSE O TEU FILHO ??

DEVEMOS BEBER O SANGUE DE INOCENTES PÁRA FAZER ALGO ? PENSE NISSO
http://ordemnacional.wordpress.com/2009/10/01/verdadeiro-holocausto-israel-extermina-palestinos/

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Boas entradas para todos aqueles que a deseja!

Deste lado, desejamos um ano propero de muitas realizações e, a cima de tudo, que a paz prevaleça entre nós.

Votos de A VZ.