quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

As dúvidas podem ser esclarecidas?


Por quê tanta inquietação por parte das autoridades com regresso do Bubo?

O que leva uma pessoa acusada recentemente por tentativa de golpe querer voltar ao país neste momento?

Há muitas coisas a serem esclarecidas, a verdade precisa vir atona. Não há motivos para alarme quando um cidadão quer regressar ao seu país para ser julgado, se a justiça é a que todos nós desejamos no nosso país, esta é a hora de executa-la.

Bubo é cidadão como qualquer um na Guiné, se ele cometer algum crime devem ser reunidas provas para tal e proceder a sua punição.

O que foi difundido para todos é que Bubo é um foragido de justiça e como tal esperávamos que as autoridades estavam dando diligencias para leva-lo a justiça a qualquer momento que aparecer oportunidade. Mas o que está se percebendo é uma inquietação muito grande por parte das autoridades ao terem conhecimento de que o Bubo se encontra no território nacional. Fica os seguintes questionamentos: por quê esta inquietação? ter Bubo de volta não deveria ser interesse 'das autoridades uma vez que ele era considerado foragido de justiça? Por que motivo o governo questiona policiamento nas fronteiras terrestres do país? Por quê Bubo tem que ser impedido de entrar no território nacional?

Uma verdade está evidente, ninguém nos pode cegadar dela; o regresso d Bubo pode esclarecer os acontecimentos deste ano, os assassinatos em séria que foram cometidos na Guiné-Bissau, as falsas acusaçôes de golpes, os envolvidos no tráfico de drogas e armas. Talvés esses são os motivos de tanta inquietação com regresso do Bubo.

Os dias próximos trarão mais luzes para iluminar o nosso caminho, se a ordem e progresso é ó nosso destino, temos que passar necessariamente pelo caminho de trabalho e justiça.

A voz

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aos leitore(a)s da VOZ

Tenho recebido várias mensagens das pessoas perguntando o que está acontecendo comigo, outras até muito gentis, se dispuseram a me ajudar em tudo que eu precisava. O motivo disso, são as últimas postagens que eu publiquei no blog expressando o meu estado emocional.
Eu só tenho a dizer obrigado pela sua preocupação. Gostaria que fiquem tranquilos quanto a minha pessoa, sou uma pessoa que não tem queixas a dar sobre a vida.
Tudo que eu tentei passar nas últimas postagens é a minha indignação com certos acontecimentos que me deixaram decepcionado (não com a vida) com tudo ao meu arredor, nada além do tradicional "problema pessoal".
Mais uma vez, os meus melhores cumprimentos a todos e estaremos juntos em breve aqui: www. avoznanet.blogspot.com

sábado, 12 de setembro de 2009

Liberdade


Não encontro respostas para as minhas dúvidas, mas sinto um alívio ao poder falar delas, expressar o meu estado emocional neste espaço tem sido uma terapia, sabe?

Faço o que sei fazer, não sou nada além dos meus limites. Assim, eu sou a prova de que há algo que é peculiar ao se pensar na relação de ser cobrado e a resposta que se pode dar a si mesmo.

Eu gosto de dizer que esta vida é uma (...) às vezes!


As palavras me fogem da mente para descrever o momento exato da minha vida. Só quem vive a minha realidade sabe o quão é chato estar nesta situação. Procuro forças onde elas parecem esgotar, ânsia de chegar um futuro distante como resposta das minhas dúvidas é imenso. Poucas vezes me sinto deste jeito, despejo muita energia para pensar tudo por poucas respostas às minhas dúvidas.

Oh! onde que que você esteja preciso de ti.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Conheça males da Crack.

Caro leitores, com a intenção de esclarecer sobre males da droga da qual me referi na matéria postado anteriormente, vou indicar esta matéria que resume os efeitos da crack e com depoimento dos especialistas na área. Pra mais informação lê aqui: http://www.colegeoweb.com.br/biologia/crack

Tem coisas que só em ti encotramos.

Tem coisas peculiares a ti


Tudo nos pode ser tirado menos orgulho que da nossa cultura temos.




Ao navegar neste mundo estranho a nós, num simples clique chegamos lá num piscar-de-olhos onde nem a imaginação demora mais para chegar. Da nossa terra muito do que nos é contado são as males que de lá se produz e nos afecta cá de longe. Muitas vezes desanimados ficamos, em outras, desesperados. Mas como tudo não podia ser assim, ou pelo menos, para sempre, a nossa cultura e nossa gente nos enche de orgulho do lado de cá.

O branco que lá foi contou-me "nobas" da minha tabanka




"é queixam di bós, mas abós i nha armons"
Esta historia é narrado por um branco que esteve na minha terra, fiquei surpreso e pasmo! Já lá vão uns anos que estou por lado de cá onde estas coisas a grande mídia não me conta e eu esperava que tudo podesse acontecer menos este. Vendo as fotos já dá pra imaginar do que estou me referindo.
Esta historia é como qualquer outra historia de drogas e prostetuíção em qualquer parte do mundo, a única diferença é que, trata-se de um tipo de droga que até pouco tempo era totalmente desconhecido na Guiné-Bissau até que os traficantes decidiram atingir nossa gente com esta praga. A prostetuíção, este sim, já era um caso que há muito tempo se pratica nas nossas praças de Bissau. A situação do uso de CRACK em Bissau é particularmente triste e lamentável, ao pensarmos a situação precária das autoridades guineense. Para quem conhece os males deste tipo de droga, a suas consequências à saúde pública e segurança pública, não deixa de lamentar este fato. Desde que chegou cocaína no nosso país a vida de milhares de pessoas estão ameaçadas e colocadas numa situação sem alternativas. É impossível calcular quantas pessoas estão perdidas nisto, não há prevenção nem reabilitação, e principalmente não há consciência entre as pessoas sobre o efeito desta praga! Certamente, temos assim o futuro dos nossos jovens e consequentemente do nosso país condenado à instabilidade eterna ( como se não bastasse tantos problemas que temos). Digo PQP!!! Até onde iremos parar com isto?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ao Zamora


Tudo isso deixa-me confuso e me faz querer gritar a voz que sempre tentaste silenciar! O que tens feito até agora é só denuncias, «Alguns políticos continuam a querer manipular os militares; alguns políticos estão incentivando os militares a tomarem poder; alguns políticos estão a extorquir os militares; alguns políticos estão infiltrados nos quartéis »...
Mano, cá entre nós, tudo isso é uma forma de afirmar-se diferente dos que passaram por onde estás? Ou é só uma forma de passar a impressão de que és digno de continuar no cargo?
Tudo isso deixa-me confuso e me faz querer gritar a voz que sempre tentaste silenciar!

O Homem, enquanto ser “racional” precisa crer que o que faz é útil para sacrificar o sangue, suor ou lágrimas num objetivo. Muitas das nossas ações partem duma posição de “defensores do bem” na qual nos posicionamos para justificar e legitimar as conseqüências dos nosso atos, ignorando todo e qualquer julgamento externo. O certo confunde-se com o bom (e vice-versa), o errado confunde-se com o mau, os 4 conceitos têm diferentes aspectos para cada pessoa/classe/sociedade e advém da adulteração do conceito de "útil" e "inútil" para os fins a que se predispõe.O que está por de trás de todos estes conceitos prende-se na relação entre custo/benefício. Quanto mais se tira o proveito necessário com o que se faz, melhor se isenta ações do julgamento.
O dia 7 de junho de 1998 assistimos o nosso país sendo arrastado para o caos que vive atualmente por interesses ambiciosos de um grupinho de pessoas. É por milhares de fatores desastrosos que temos que contar para formar um quadro estatístico das conseqüências desta guerra. O nosso povo se viu perante de um bombardeio de propagandas de guerra, a “J MAIOR” serviu como motivação, alimentada pela moral de que todo sofrimento era necessário para uma sociedade mais digna e justa para todos.
Tudo se tinha pra fazer, inclusive para se sacrificar em nome de “J MAIOR” menos a cabeça para pensar. Talvez a falta de cabeça seja o nosso maior pecado cometido ao acreditar que estávamos direcionando o país para melhor ou talvez a falta de cabeça seja o maior estupidez que cometemos ao longo da historia do nosso país ao apoiarmos interesses particulares das mesmas pessoas que nos governavam.
O tempo julgou a mentira, a realidade nos direciona no caminho diferente da ilusão que outrora alimentamos.
Muitos morreram na guerra, alguns perderam casa, dinheiro família, mas há quem se beneficiou, alguns ganharam poder, dinheiro, fama. Alguns não tiveram muita sorte de usufruir tanto e por muito tempo, mas ainda há quem continua beneficiando dos beneficies da Guerra. Assim como tantos outros (inclusive eu e mais 99% dos guineenses) continuam sofrendo as conseqüências do “7 de Junho”.

Pagar o prejuízo da guerra ao setor privado é recompensar os danos materiais da guerra ou é um mecanismo de beneficiar os aliados do poder?


Pagar prejuízo da guerra ao setor privado é um gesto que mostra por um lado, o espírito da continuidade do Estado, honrar os compromissos que o Estado tem para com a sociedade civil. Por outro lado, num país onde o Estado não é nada mais que uma associação de pessoas para servirem seus interesses, êste pode ser um jogo para beneficiar os interesses mesquinhos das pessoas mais próximas ao poder.
A questão do prejuízo de guerra na Guiné mostra muito claro como funciona esta lógica. Logo depois da guerra, pudemos constatar que algumas pessoas tiveram privilégio de serem indenizadas pelo prejuízo durante a guerra, em alguns casos, as pessoas que nem se quer tiveram algum tipo de bens antes da guerra, o critério usado em grande parte dos casos, era comprovar o prejuízo com um simples documento que tivesse assinatura de algum Comandante da “Junta Militar” ou do seu comando supremo o Ex. Comando Supremos de Junta Militar-CSJP ( claro, algumas pessoas tiveram facilidade de conseguir isso muito fácil) o fato que legitimava pagamento automático do “prejuízo de guerra. Durante a guerra houve realmente pessoas que foram autoritariamente confiscados todos os seus bens para alimentar uma guerra que viria devastar o país em todos os sentidos.

Foram saques às propriedades privadas, ofensas morais às pessoas e danos emocionais incompensáveis contra grande parte da população. Estas pessoas não puderam receber o prejuízo da guerra porque não era de interesse dos militares e nem dos responsáveis do governo. O que se constatou é que as pessoas foram beneficiadas por motivos aléias aos prejuízos propriamente dito, os critérios usados foram mecanismos dos homens do poder para beneficiarem seus aliados e se auto-beneficiarem.
Ao declarar que vai pagar os prejuízos da guerra ao setor privado, deixamos a pergunta para o governo: quais são os critérios que serão seguidos para definir quem deve ou não receber este dinheiro e como?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Triângulo amoroso!


Estamos presenciando um momento muito bonito no cenário politico do nosso país, ou melhor, aparentemente bonito.
Eu e vários outros guineenses( aqueles que gostam deste país) esperamos que este clima de namoro triangular e instituicional (romance de Malam- Cadogo-Kumba) seja o mais sincero possível para o bem do nosso povo. Que não seja mais uma daquelas manobras demagogas que tradicionalmente caracteriza os os nossos políticos.
Quando se diz que há um clima de reconciliação entre os guineenses, fica dúvida se é só um discurso para mascarar aquilo que na verdade constitui a nossa realidade ou, realmente estamos prontos para mudar o rumo deste país.
Como bem sabemos (digo eu e aqueles que bem conhecem a realidade da Guiné) os atores políticos guineenses são bem "raça camaleão".

sábado, 15 de agosto de 2009

Não esperemos a paz onde nunca houve Justiça.


A onda de violência que existe na Guiné-Bissau é incentivada pela disfunção do poder judiciário neste país. Da independência até data presente muitos perderam seus familiares e conhecidos, muitas vezes, em situações desumanas.
A falta de um poder judiciário independente no nosso país legitimou o direito de matar para alguns de modo que algumas pessoas matam e continuam impunes. Como as conseqüências disso, temos uma sociedade cheia de ódio e vingança. Quando é assassinado alguém, toda sociedade se comove, a comunidade internacional se mobiliza fazendo pressões, atribuí-se vários motivos ao ato (pelo menos, durante uma semana), menos atenção se dá aos antecedentes históricos das relações sociais estabelecidas dentro da nossa sociedade. Dias depois, ninguém mais se lembra do ocorrido, os criminosos continuam impunes e fazendo suas atividades normalmente.
Enquanto a impunidade continuar vigorar na nossa sociedade, seria demasiado cínico pensar quanto tempo falta para o conflito regressar, talvez nem nunca regresse (é o que todos nós desejamos), mas qualquer esforço para acabar com a violência seria em vão. Ou seja, não esperemos a paz onde nunca houve justiça.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Esta é a minha carta para ti!

Senhor recém eleito presidente deste pobre país, lhe endereço esta carta sobre a importância de voltar os olhos para as questões que constituem a preocupação do nosso povo.
Esta é uma carta de reflexão ao momento que a sociedade guineense vive e de apoio ao esforço enorme que se exigirá do desempenho do cargo da presidência deste país.
Senhor presidente, o desejo e sonho de todos guineenses, de todas as etnias, religiões e raça, por menos que seja manifestado, é ter perspectiva de uma vida melhor, de estar inserido numa sociedade, onde possam sobreviver com dignidade e esperança, e se possível manifestar a sua cidadania digna e responsável.
Caro presidente da república, a sua eleição ao maior cargo político desta sociedade é fruto da confiança que o povo tem na sua pessoa. Durante a campanha eleitoral muito se falou sobre a sua pessoa: seu currículo como estadista, não deixa dúvidas sobre a sua maturidade política, sua historia de vida que nos é contada é fabulosa, a sua biografia é aquele que qualquer cidadão deste país gostaria de ter.
Mas permita-me lhe dizer que o senhor está num processo que tem inicio, meio e fim. A partir deste momento, você é presidente de todos nós. O seu cargo e as respectivas responsabilidades são transitórios.
Daqui a poucos anos com certeza será um ex-presidente, daqui mais alguns anos um ser que passou como todos pela vida.
Portanto, a responsabilidade e o destino do povo da Guiné-Bissau estão em suas mãos. O senhor sabe quais as reformas devem ser feitas.
O senhor sabe também que o estado de caos, um mergulho em uma crise profunda de toda a nação guineense (que tem sintomas claros de um quadro de guerra civil) está na máquina estatal, que vive para si, é incompetente e gerencialmente corrupta, aparelho propício para alimentar interesses políticos de poucos e consumir toda a nossa esperança.
Senhor presidente, faço desta carta um ato para responsabilizar o senhor pelo futuro do nosso povo. O que todos nós esperamos do senhor é a consciência da condição do nosso povo e da sociedade em geral.
Tenho a consciência da complexidade de governar um país em condições que a Guiné-Bissau se encontra, por isso mesmo, o que se espera do senhor é uma postura de diálogo com diversos setores da nossa sociedade, uma postura de defensor do ensino público para todos, eleger a educação, saúde e a segurança pública como prioridades do seu mandato.
Eu e todos os guineenses esperamos que o senhor seja capaz de devolver a segurança ao nosso povo, restaurar a relação de confiança sociedade civil - Estado, resgatar a boa imagem do país perante comunidade internacional. Estas são coisas que o povo espera do senhor.
Tomo a liberdade de falar em nome de todos os guineenses para lhe desejar boa sorte e um bom desempenho do seu cargo, estaremos disponíveis para qualquer colaboração como cidadãos deste país.
Meus melhores cumprimentos.
A VOZ

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A educação na nossa sociedade

De acordo com os últimos acontecimentos a sociedade guineense encontra-se rigorosamente diante de uma situação que exige um trabalho árduo e consciente. As crises cíclicas no âmbito político-militar ocorridas desde o período pós independência obrigam-na a escolher entre poucas alternativas igualmente difíceis e de elevado custo social. O debate sobre os fatores que conduziram o país a esta situação provoca, como é natural, muita controvérsia, mas todos concordam em um ponto: o fator determinante da situação em que se encontra foi fruto da fragilidade das instituições políticas e o modelo de governos que vem sendo implantado desde as primeiras décadas da independência , em razão das sucessões no poder e forma como este é operacionalizado.
Como a possibilidade de progresso sócia econômica de qualquer país depende do dinamismo do modelo político e social nele regente, a instabilidade deste acarretou a anulação dos mecanismos que possibilitariam o avanço na construção do Estado capaz de promover o desenvolvimento sócio econômico do país. Não resta duvidas de que a guerra de todos contra todos, hoje aberta e declarada em todo o país e que ameaça desembocar em um longo período de caos e barbárie ou na inevitabilidade de uma situação muito mais alarmante do que já se vive é fruto daquilo que há muito vem sendo sustentado no cenário político da Guiné-Bissau.
Enumerar os problemas que assolam a sociedade guineense, este espaço seria insuficiente para tantos que temos que reportar. Por isso, acho desnecessário me dedicar a isso aqui, até porque, já se falou tanto disso em outros lugares.
O que se pode destacar é uma realidade social efêmera num país vulnerável em todos os sentidos com as instituições sociais e políticas fragilizadas por um processo longo da governancia irresponsável, criou-se uma conjuntura social em que o destino do país passou a servir interesses de um grupinho de pessoas.
Não há dúvida, entretanto, de que a construção nacional constitui uma via de dificuldades e penas, porque, para retomar o processo são indispensáveis decisões que afetam interesses muito poderosos que configuram como ameaça aos interesses coletivos da sociedade no seu todo.
Pressupõe-se que a primeira dessas decisões diz respeito afirmação do estado de direito no seu sentido pratico que proporcione a justiça social igualitária e faça valer os ideais democráticos que viabilizem a construção de um Estado, cuja a tarefa prioritária seja planejamento de um sistema de ensino publico gratuito, laico e obrigatório a todos os cidadãos. Sem tal, será impossível mudança social, considerando que esta só se dá quando se tem cidadão preparado indispensável para entendimento das necessidades do país.
Consciente da realidade da sociedade guineense destaco a educação como o foco prioritário e indispensável para fazer face aos desafios que temos que vencer, tanto ao nível nacional, quanto internacional. Para a consolidação de uma sociedade mais justa e igualitária - a sociedade democrática – propõe-se não só a transformação dos conceitos básicos educacionais, mas a reestruturação moral e social da sociedade. Ou seja, se a sociedade em que vivemos nos coloca desafios de vários níveis é preciso que o Estado transforme o povo em cidadãos, cidadãos conscientes, para integrar-se à sociedade e que tenha instrumentos de reflexão sobre a mesma. Deve-se acreditar, numa sociedade, como a nossa, só com a educação pode-se alcançar transformação continua e reconstrução social, o que significa que, cuide a escola de formar novos atores sociais competentes e para utilizar essas competências como meios para a participação em todos os interesses da sociedade.
Dentre vários problemas da sociedade guineense, nenhum deles supera em importância e gravidade ao do ensino. Pode-se dizer que o sistema do ensino na guiné é dos mais precários que existe no mundo, precisa-se de uma reforma profunda na organização escolar de modo a dissociá-la do sistema tradicional do ensino que sempre existiu.
Entendo que a situação da Guiné-Bissau não se resume a simples questão da educação, mas este aqui é entendido como fator mestre do atraso sócio estrutural existente na nossa sociedade. Ao escolhermos o sistema político vigente no nosso país, é mestre entender que a sua funcionalidade exige o mínimo da cultura política que faz jus a suas exigências operacionais.
Nas bases da crise de valores que hoje presenciamos na nossa sociedade, está, sem dúvida, o sentido atribuído à prática da cidadania. Este esvaziamento relaciona-se, proporcionalmente, à redução do que é do interesse socialmente valorizado para o sentido único de poder atender interesses particulares egoístas. Isto se explica tanto pela ausência da actividade política crítica da sociedade civil, quanto pela ausência da prática de cidadania.
Neste sentido a nossa preocupação com a formação do cidadão se justifica mais uma vez, com a elevada importância para a esfera das decisões sobre políticas públicas do nosso país.
A voz

Ganância e ignorância são inimigas do ser humano

A primeira condição para aprender é reconhecer-se ignorante. Quem se julga sábio de tudo muitas vezes, não passa de um ignorante com complexo da sabedoria.

Intelectuais da Net

O momento que o nosso país atravessa é certamente muito especial e exige reflexão de todos nós, independentemente, das nossas convicções partidárias ou qualquer coisa do gênero. Isto é tão certo quanto o cuidado que devemos ter ao fazermos certas reflexões, sobretudo acerca da política guineense.
Não deixa de ser precipitado e tendencioso fazer crítica às viagens do recém-eleito presidente da Guiné. Se não vejamos: a atual conjuntura política internacional exige cada vez mais a integração dos Estados para resolução dos problemas que o quotidiano lhes coloca. Neste quadro, quanto mais um Estado/estadista consegue cultivar relações multilaterais sólidas com outros Estados, mais estável e competente estará para responder aos desafios que a sua função exige enquanto representação suprema e soberana do seu povo. Ou seja, nenhum Estado/estadista é tão forte e competente ao ponto de dispensar as parcerias internacionais.
Parto dos princípios fundamentais que regem a política internacional e que são necessariamente essenciais para o desenvolvimento de qualquer país na face da terra.
Com vista a este entendimento, entendemos estas viagens aos países amigos dentro do quadro de estabelecer relações multilaterais com os países da região da costa africana e os países membros do CPLP, como qualquer outro estadista interessado em consolidar a integração regional dos países pobres e subdesenvolvidos. Entende-se este procedimento como uma estratégia política porque mostra sinais de maturidade e consciência daquilo que hoje constitui a preocupação tanto da política internacional, quanto da política doméstica.
Posto isto, não venho por este entendimento a justificar as viagens tradicionais dos nossos governantes, menos ainda, incentivar comodismo reacionário por parte de “analistas políticos”, mas sim, enquadro o meu raciocínio no âmbito da atual conjuntura política do nosso país: Um país, que há bem pouco tempo, teve o seu presidente esquartejado e o chefe de Estado Maior, General das Forças Armadas, assassinado à bomba. Um país, taxado de ser dirigido por um narco-estado e frequentemente ameaçado de ser isolado da comunidade internacional. Muito mais que dever, é obrigação dos seus dirigentes reconstruir sua imagem perante a comunidade internacional. Isto se dá através de consolidação de parcerias e manifestação de vontade de devolver ao Estado, a credibilidade tanto interno quanto internacional.
Angola, Cabo Verde, Gâmbia, Senegal são países que se mostraram amigos da Guiné-Bissau durante todo o tempo que o nosso país passou por momentos difíceis e de forma direta ou indireta, serviram de porta vozes perante a comunidade internacional defendendo que esta não devia abandonar a Guiné-Bissau. Em alguns casos, estes países serviram de intermediários dos conflitos internos do nosso país, manifestando toda sua preocupação com os nossos problemas.
À luz deste entendimento, o gesto do presidente eleito tem um significado político que não se limita ao simples fato de se deslocar pessoalmente para convidar seus homólogos para cerimônia de posse, muito além disso, a presença destes países neste evento servirá de provas de que a Guiné-Bissau está partindo para uma nova fase da sua política e que os guineenses estão preparados para isto.
Ao interpretar estas viagens fora deste contexto, estaremos caindo num reducionismo analítico preso aos nossos compromissos ideológicos e convicções partidárias que não nos deixam ver nada além do nosso umbigo.
É verificável, que muito se escreveu sobre a Guiné-Bissau em jornais, artigos na Internet, revistas que condensados demonstram, na sua maioria, enviesados e presos ao vício de criticar tudo e pôr defeito em todos. Poucos se dão trabalho de trazer reflexões construtivas, capazes de subsidiar a conscientização do nosso povo e consequentemente, formação da opinião política cidadã. Muito contrário disso, o que se verifica é oportunismo exacerbado de pessoas que se dão luxo de se apresentarem como intelectuais.
Alguns até ousados de mais, vestem a camisa de cientistas sociais, sendo que na realidade, não passam de sujeitos sujeitados aos compromissos partidários e interesses obscuros sem fundamento nenhum, desprovidos da ética intelectual e que suas idéias estão sistematicamente baseadas no senso comum.
As maiores vítimas da continuidade desta situação são os analfabetos sistêmicos que compõem quase 90% da população de nosso país, grande parte deles leigos em conhecer as questões política nacional e internacional (o grupo da qual eu faço parte também, mas pelo menos eu sou humilde em reconhecer esta condição). Então, não seria interessante uma reflexão em que estivesse embutido o nivelamento educacional de toda população? Como apoio, também sistêmico, a tentativa do presidente eleito em trazer olhares e parcerias ao nosso país?
A voz!